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Justificativa
O TEV associado ao câncer, a ocorrência de trombose venosa profunda (TVP), embolia pulmonar (EP), ou trombose de cateter venoso central, é uma complicação grave em pacientes acometidos por tumores sólidos ou doenças hematológicas malignas.
O TEV é um fator independente de mau prognóstico em pacientes acometidos por câncer e é a segunda causa de morte, após progressão da doença. O diagnóstico de TEV é feito em cerca de 20% dos pacientes com câncer, mas os estudos post-mortem e de seguimento radiológico sistemático sugerem que a prevalência real é subestimada. Entre 50 e 60% dos episódios de TEV diagnosticadas de maneira incidental são sintomáticos, mas sem sempre são levados em consideração pela equipe assistencial. Vários fatores podem influenciar ou aumentar o risco de TEV em pacientes oncológicos, especialmente o local e o tipo de câncer, a presença de metástases, a natureza do tratamento (cirúrgico, quimioterapia, fatores de crescimento, agentes anti-angiogênicos, terapia hormonal), a utilização de cateteres venosos centrais, hospitalização, fatores ligados ao paciente (como idade, comorbidades, antecedentes de TEV) e certos marcadores biológicos. O risco de TEV varia também durante a evolução do câncer: do diagnóstico ao tratamento, remissão, recidiva, metástase e no fim de vida.
A prevenção e o tratamento do TEV em pacientes acometidos por câncer necessitam de intervenções combinadas entres especialistas internistas, oncologistas, hematologistas, médicos vasculares e enfermeiros, realçando a importância de uma abordagem multidisciplinar. A ausência de consenso entres as diferentes recomendações de boa prática difundidas por sociedades locais contribuem para lacunas no conhecimento e heterogeneidade nas práticas de aplicação dos tratamentos curativos e profiláticos do TEV em pacientes oncológicos. Por isso, há necessidade de programas de educação médica dedicados a difundir informações sobre os riscos associados ao TEV, a importância de uma profilaxia adaptada e um tratamento eficaz constituído, assim como conselhos práticos baseados em recomendações consensuais, frequentemente atualizadas por membros da ITAC.
O TEV constitui um desafio suplementar para os médicos que lidam com pacientes oncológicos. As taxas de recidiva de TEV e de sangramento sob tratamento anticoagulante são mais elevadas em pacientes com câncer do que em pacientes não oncológicos. Os médicos são confrontados com um número crescente de tratamentos anticoagulantes que necessitam de escolhas individualizadas para cada paciente. Uma abordagem personalizada é necessária para escolher o melhor programa de anticoagulação em função da eficácia e do perfil de segurança de cada medicamento, assim como a preferência do paciente.